Globo Repórter | 03/07 sex 22h00 | Globo - Jornalismo |

Você sabia que feijão branco emagrece?
Nesta sexta-feira (03), especialistas ensinam a fazer em casa o extrato que ajuda a perder peso.
Cientistas descobrem que o feijão-de-corda reduz o colesterol. O pão mais nutritivo do Brasil está saindo do forno de uma universidade.
Biscoito feito de amaranto, o grão que vem dos Andes, reduz o apetite e os índices de colesterol.
No Espírito Santo, está nascendo um milho rico, resistente e mais barato do que os outros. Pesquisadores ensinam como cozinhar os grãos sem perder os nutrientes.
E depois do programa ainda tem bate-papo na internet com a pesquisadora Karoline Frota, da Universidade de São Paulo (USP).
Receita com feijão-branco emagrece e ajuda a evitar diabetes
Proteína presente no grão inibe o processo de digestão do carboidrato e retarda a absorção de açúcares no sangue.
Não há mais como separar a boa comida da comida saudável. Em um laboratório de nutrição e pesquisa no Rio Grande do Sul, os futuros chefes de cozinha e nutricionistas se revezam para criar pratos mais bonitos, gostosos e saudáveis.
Muitas vezes, eles trabalham juntos. É o caso do chefe Alexandre Bagio e da nutricionista e bioquímica Renata Ramos. Ele conhece os segredos para seduzir o paladar. Ela, o que os nutrientes podem fazer pela nossa saúde. E o que une os dois é o nosso feijão de cada dia.
“Ele dá para a população uma quantidade muito boa de proteína. Os feijões, de uma maneira geral, têm em torno de 20% de proteína. É uma grande quantidade”, explica a nutricionista Renata Ramos, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos).
Infelizmente, os brasileiros estão comendo menos feijão. Mas os pesquisadores não param. Tentam descobrir novas propriedades nesse grão que faz tão bem a nossa saúde. A novidade da vez é o feijão-branco, aquele que a maioria de nós está acostumada a consumir apenas como salada. Maior e mais cremoso que os outros, acredite, ele emagrece.
“O feijão-branco ajuda a emagrecer, porque ele tem uma proteína de reserva. Não só o feijão-branco, os feijões todos têm, mas o feijão-branco é o mais utilizado para isso, para este fim. Ele tem uma proteína chamada faseolamina, e essa proteína é inibidora do processo de digestão do carboidrato. Então, ela retarda, inibe essa absorção de açúcares no sangue”, aponta a nutricionista.
Mas isso só acontece no nosso organismo, se ele for ingerido na forma de farinha, uma espécie de extrato de feijão-branco que é bem fácil de fazer em casa.
Depois de ser lavado normalmente, é preciso secar bem o feijão: no sol ou sobre o papel toalha. Nunca no forno. Porque, segundo Renata Ramos, o feijão só tem efeito emagrecedor se não for cozido. Mas atenção: como pode ser tóxico, o feijão só deve ser consumido cru em quantidades mínimas.
Depois, é só triturar no liquidificador e peneirar. Se quiser a farinha bem fininha, pode passar também no processador. É bom fazer em pequenas quantidades que para o extrato não fique velho e deixe de fazer o efeito desejado.
O efeito da farinha de feijão funciona mais ou menos assim: quando consumimos um prato cheio de macarrão, de 200 gramas, é como se tivéssemos consumido uma porção menor, de 160 gramas. Mas para isto acontecer, meia hora antes das refeições, é preciso ingerir uma colher pequena, rasa, de farinha de feijão diluída em água. É essa mistura que vai garantir que parte do carboidrato dessa refeição, cerca de 20%, não seja absorvida pelo nosso organismo. Então, é como se tivesse comido este prato, que é menor.
O estudo mais recente que comprova que a farinha de feijão ajuda a emagrecer foi feito pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Ao todo, 50 adultos obesos fizeram uma dieta saudável, mas apenas metade recebeu farinha de feijão antes das refeições. A outra parte, sem saber, recebeu farinha sem efeito.
Depois de oito semanas, quem ingeriu o extrato de feijão-branco estava, em média, 1,7kg mais magro e com o nível de triglicerídeos três vezes menor do que os que receberam só o placebo.
Mas outros estudos registram perdas de peso de até 4% em apenas 30 dias. O bom é que, além de emagrecer, o extrato de feijão-branco também ajuda a prevenir o diabetes.
A receita é uma colher rasinha em um copo d’água, duas vezes por dia, porque são duas refeições principais. “Não adianta consumir mais, porque não vai emagrecer mais. Você tem que comer é em torno de um grama por dia. Então, você pode pesar um grama e comer isso durante o dia”, sugere a nutricionista Renata Ramos.
“Se a pessoa consumir mais, ela pode ter diarreia, como efeito colateral. Ela pode ter problemas intestinais e náuseas. Então, ela tem que ter muito cuidado na hora de ingerir este extrato de feijão cru. Consumindo mais de um grama por dia, os efeitos são negativos”, alerta a pesquisadora.
No laboratório da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), a ordem é não desperdiçar. O farelo que sobra na peneira quando se prepara a farinha de feijão também é utilizado.
O chef de cozinha Alexandre Bagio, da Unisinos, criou misturas saborosas. Quando faz pão, ele coloca água, fermento, sal, açúcar e a novidade: ele substitui um terço da farinha de trigo pela farinha de feijão.
“É um pão que realmente tem uma quantidade maior de proteínas e de fibras, quando você coloca essa farinha de feijão”, afirma a nutricionista Renata Ramos.
“Acrescido a isso, você tem o sabor e a textura que ele vai ganhar também. Ele ficou mais saboroso”, aposta Alexandre Bagio. “Ficou também mais saudável”, completa Renata.
O chefe de cozinha mostra ainda uma versão da nossa conhecida salada de feijão-branco que também ajuda a não engordar, só porque se come fria.
“Eu coloquei na salada o feijão-branco que é a base. Depois, entrou um molho vinagrete, com cebola, tomate, pimentão verde, salsão e um molho vinagrete de limão, com azeite de oliva, sal e pimenta do reino”, ensina o chefe.
“O interessante é que, quando a gente come feijão-branco frio, ele muda um pouco a sua composição. Ele, então, engorda menos. Quer dizer, se eu comer dessa maneira, frio, eu vou engordar menos do que se comer ele sob forma de uma feijoada, por exemplo”, diz a nutricionista.
Importante: a pesquisadora Renata Ramos, da Unisinos, aconselha a triturar no liquidificador pelo menos 250 gramas de feijão branco de cada vez, ou até mesmo o pacote inteiro, já que cada embalagem padrão vem com 500 gramas. Dessa forma, segundo ela, o impacto dos grãos no copo do liquidificador é menor, o que evita acidentes.
Feijão preferido dos nordestinos ajuda a baixar o colesterol

Conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-fradinho, ele é rico em fibras e tem uma proteína capaz de reverter a deposição de gordura no fígado.
Um feijão com sotaque nordestino. “Eu sou nordestino. Eu sou baiano. E nordestino só come feijão-de-corda, porque é tradição”, afirma um senhor.
Tradicionalmente, o sotaque é um só, mas os nomes são vários.
“O nome cientifico dele é vigna unguiculata, mas pode ser conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda, feijão-fradinho. Tem nome para todo gosto”, explica a nutricionista Karoline Frota, da Universidade de São Paulo (USP).
Feijão-de-corda é a principal pedida no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo
E o gosto da pesquisadora, que veio do Piauí, é descobrir os poderes do feijão predileto dos nordestinos. “O que pessoal mais pede é o baião-de-dois”, diz uma atendente.
Baião-de-dois, feijão-tropeiro, ao vinagrete: são pratos de matar saudade. "É um gosto que você não esquece", responde um rapaz.
Quando a saudade é muita, a quantidade de feijão tem que ser grande. "Ontem, nós catamos dois sacos de feijão", revela uma atendente.
No Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo, o feijão-de-corda é a estrela principal, todo fim de semana.
Na mesa ou no laboratório de pesquisa, vai longe a história desse feijão. O feijão-de-corda veio da África e chegou ao Brasil no porão das caravelas. O grão de origem africana foi trazido pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Desembarcado na Bahia, foi ganhando o nordeste e o norte do Brasil.
As raízes se espalharam pelo Brasil. Agora, quem diria, no século 21, o feijão com tantos nomes chegou aos laboratórios de pesquisa. Por essa, seu Vicente, mais conhecido como Chapéu de Couro, não esperava.
"Descobri que o feijão-de-corda baixa o colesterol", afirma a a nutricionista Karoline Frota que está estudando as propriedades do feijão-de-corda na saúde, no laboratório da USP.
A pesquisa começou em 2007, no Laboratório de Nutrição Aplicada da Faculdade de Saúde Pública da USP. A nutricionista Karoline Frota cresceu comendo esse feijão que nunca tinha sido estudado tão detalhadamente.
"Eu posso dizer que é a primeira pesquisa a fazer isso Com o feijão-caupi e, mais especificamente, que faz isso com a proteína isolada", ressalta a nutricionista.
Como outros tipos de feijão, o caupi também é rico em fibras, ferro e vitaminas, mas Karoline queria saber se a proteína que ele contém tinha o poder de reduzir o colesterol. Por isso, ela teve um trabalhão para extrair a vicilina, a proteína do feijão.
A nutricionista queria testar três dietas: uma normal, outra com os grãos triturados e uma terceira só com a proteína do feijão isolada.
Ela escolheu hamsters, cheios de gordura no sangue, para fazer o teste. "Nós escolhemos hamsters por causa do metabolismo do colesterol que é muito parecido com o metabolismo dos seres humanos", justifica a pesquisadora.
O problema é igual nesses animais e em todos nós. A alimentação rica em gordura saturada aumenta os níveis de colesterol no sangue. Depósitos gordurosos vão se formando nas artérias e no fígado que, sobrecarregado, começa a trabalhar mal na limpeza do organismo. Só temos um fígado e um coração, e acúmulo de gordura neles pode ser fatal.
Como a maioria dos grãos, todos os feijões ajudam a reduzir o colesterol, mas o resultado da dieta com o feijão-de-corda integral foi excelente.
Nos animais, alimentados com a proteína do feijão-de-corda isolada, a redução do colesterol total no sangue foi de 22%. É maior ainda naqueles que comeram os grãos triturados, o que a pesquisadora chama de feijão integral. Nesse caso, o colesterol despencou 54%.
“Além da proteína, ele tem outros componentes que vão somar nesse efeito redutor de colesterol”, ressalta a pesquisadora. “Com certeza, a fibra do feijão integral ajuda também", aponta.
A pesquisadora teve mais uma ótima surpresa ao analisar os fígados dos animais que antes da dieta estavam cheios de gordura.
"O fígado do grupo que recebeu o feijão integral e a proteína isolada ficou bem limpo. Essa proteína foi capaz de reverter a deposição de gordura no fígado, porque a gente observou, pelas laminas, que os depósitos desapareceram no final do estudo", diz a nutricionista.
Para conseguir um resultado tão bom assim, seria preciso comer muito feijão, umas seis conchas por dia. Por isso, os pesquisadores querem investir na proteína isolada que poderia ser acrescentada em vários produtos pela indústria de alimentos. O isolado de proteína será usado na próxima etapa da pesquisa com pacientes de colesterol alto. Até lá, vale a pena incorporar o feijão-de-corda a dieta.
"O consumo de feijão vem caindo muito nos dias de hoje. As pessoas estão ingerindo muito a salada, reduzindo o carboidrato e o feijão que é fonte de proteína. É importante manter esse consumo de feijão. E para as regiões que não tem esse habito de consumir o feijão-de-corda tem que estimular por esse efeito de reduzir o colesterol", aponta a pesquisadora da USP.
Para quem já gostava a notícia deixou o feijão melhor ainda. “O feijão-de-corda baixa o colesterol? Vou começar a comer todo dia, porque o meu está alto", diz um jovem.
Mas é preciso lembrar também da alimentação balanceada e dos exercícios. Não vale encher a panela de manteiga e carne gorda. O preparo do feijão tem que ser light de verdade.
“É tudo de bom, sara tudo. O cara chega aqui doente, e sai sarado", conta Chapéu de Couro.
Biscoito de amaranto é receita para perder peso
Conhecido feijão dos Andes, o amaranto também reduz os níveis do colesterol total do sangue. E a farinha pode ser usada em inúmeras receitas sem comprometer o sabor.
GUILHERME PORTANOVA Vila Velha (ES)
GRAZIELA AZEVEDO São Paulo
O sol forte é sinal de seca no Planalto Central. No Centro-Oeste, cresce uma planta que veio do frio dos Andes para o calor do Cerrado. O amaranto é um arbusto com flores grandes, consumido na região do Peru desde o tempo dos incas. O poder da planta está nas flores carregadas de sementes.
"Mil sementes de amaranto pesam em torno de 1g. Então, se uma planta produzir 30g, são 30 mil sementes", ressalta o agrônomo Carlos Spehar, da Universidade de Brasília (UnB).
José Carlos Sphear é o pioneiro na pesquisa do amaranto, que ele chama de feijão dos Andes. O grão tem duas vezes mais proteínas do que o trigo comum. E essas qualidades convenceram o professor a buscar sementes fora do país para plantar no Cerrado. Assim, nascia o amaranto brasileiro que se deu bem no clima quente e que chega até dois metros de altura.
"Esse crescimento é muito rápido. Nos primeiros 15 dias, você não dá nada por ela. Depois, ela dispara a crescer. Ela cresce mais rápido do que uma soja no mesmo período", explica o agrônomo.
A fazenda de Sebastião Conrado de Andrade é a maior do Brasil em produção de amaranto. A confiança no futuro da produção do grão andino vem dos resultados colhidos nas primeiras safras. "São cerca de 2 mil quilos, com a mesma composição dos andinos. Conseguimos adaptar essa planta ao Cerrado", diz o fazendeiro.
A campanha pelo uso do amaranto ganhou adeptos em instituições do país inteiro que se dedicam a estudar as propriedades do grão. Na Universidade de São Paulo (USP), os pesquisadores já desenvolveram mais de 30 receitas usando a farinha de amaranto.
O professor José Arêas, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), também se rendeu às propriedades do pequeno grão.
"Ele tem uma quantidade maior de proteína de alto valor biológico e também uma grande quantidade de cálcio de ferro e de zinco. Além disso, possui uma quantidade de fibra bastante alta. O amaranto passou a ser estudado a partir dos anos 60 em vários locais no mundo. Assim, a plantação e o consumo do amaranto começaram a se popularizar”, explica o pesquisador da USP.
Orientados pelo professor Arêas, os pesquisadores da Faculdade de Nutrição da USP foram mais longe: conseguiram comprovar em um estudo feito com hamsters, durante dois meses em 2005, que o amaranto reduz os níveis do colesterol total do sangue, ou seja, a gordura que vai formar placas nas veias e artérias.
"A dieta que continha amaranto fez com que esse colesterol despencasse realmente. Todos os colesteróis ruins foram para baixo, e os colesteróis bons foram relativamente mantidos. As proteínas do amaranto são as grandes responsáveis por essa redução. A partir daí, a gente começou a estudar quais seriam os mecanismos envolvidos", aponta o professor.
Leda Nogueira e Ivone Nunes sentiram na pele, ou melhor, no sangue, o que o laboratório havia testado. As caminhadas pelo calçadão de Vila Velha, no Espírito Santo, foram apenas parte da rotina para melhorar a saúde.
Ivone é administradora de empresas e, há três anos, descobriu que tinha problemas com colesterol alto. Registrava 246, no total. Leda é professora e chegou a 187 de colesterol. As duas corriam risco de desenvolver doenças no coração.
A saúde de Leda e Ivone começou a melhorar pelo cardápio. Elas passaram a comer biscoitos de amaranto todos os dias antes do almoço. Foram apenas duas semanas de experiência, sem mudança no estilo de vida e sem dieta. E os resultados foram impressionantes.
Foram recomendados até cinco biscoitos por dia de farinha de amaranto para Ivone e Leda.
"É um biscoito muito gostoso. A única coisa ruim da pesquisa é ficar restrito a comer só cinco durante o dia", comenta a pedagoga Leda Nogueira.
"Lembra um pouquinho o biscoitinho de aveia. Acho que por causa das fibras que tem", diz a administradora Ivone Nunes.
Tudo começou no Complexo de Atividades Biopráticas, do Centro Universitário de Vila Velha (UVV). Leda e Ivone estavam no grupo de 20 voluntários que participaram da pesquisa com a nutricionista Danielle Mohallem Pessanha, sob a orientação da professora Angela Ghizi. Metade do grupo recebeu, sem saber, biscoitos de aveia. E a outra comeu os de amaranto.
"Baixou em 16% o colesterol dos voluntários. E o mais gratificante e interessante é que o período da pesquisa foi de duas semanas. Quer dizer, baixou 16% em um período muito curto", afirma a nutricionista Danielle.
E não foi só: o resultado trouxe uma surpresa.
"Quando eu chegava em casa, não sentia aquela fome à noite. Eu percebi que, durante essas duas semanas, não sentia fome à noite", conta a administradora Ivone Nunes. "O biscoito tirou essa fome noturna. Eu não sentia mais essa necessidade”, concorda Leda.
"No total, 67% de voluntários relataram que, à noite, eles não sentiam fome por conta da ingestão desse cookie", alega a nutricionista Danielle.
É difícil acreditar que essa sensação de saciedade venha de um grão tão minúsculo. Mas o amaranto é poderoso e vira até pipoca. É que o grão fica melhor e mais fácil de usar quando é estourado.
"É mais interessante fazer a pipoca, porque, quando moemos, fica uma farinha mais fininha e mais nutritiva", aponta a nutricionista Bruna Menegassi, da USP.
O amaranto quase não tem gosto. E talvez essa seja uma grande qualidade, pois a farinha pode ser usada em inúmeras misturas sem comprometer o sabor e adicionando todas as boas propriedades ao alimento.
Além da pipoca, há um número sem fim de receitas feitas com o grão andino. Algumas com 20%, outras com 30% de farinha de amaranto. O bolo de banana é top de linha. Mas existem cookies, sequilhos, paçoquinha.
"A gente está estando e tentando aumentar os níveis de amaranto na paçoca. Nessas preparações, além de incluir esse alimento diferente, a gente aumenta o teor de fibras e de proteínas", explica a química Rosana Soares, da USP.
Feijão dos Andes tem duas vezes mais proteínas do que trigo
No Centro-Oeste, cresce uma planta que veio do frio dos Andes para o calor do Cerrado. O amaranto é um arbusto rico em aminoácidos, com composição parecida com a dos grãos de cereais, mas sem glúten.
Veja como preparar receitas com grãos
Confira abaixo o passo a passo das receitas que foram ao ar no programa "Grãos na alimentação" no Globo Repórter desta sexta-feira (3).
FARINHA OU EXTRATO DE FARINHA DE FEIJÃO-BRANCO
Lave o feijão com água e seque no sol ou sobre papel toalha. Quando estiver bem seco, coloque no liquidificador e bata o máximo possível. Depois, passe o feijão triturado por uma peneira. Se quiser mais fino, devolva ao liquidificador e peneire novamente.
A parte que sobrar na peneira é a sobra ou farelo. Tem as mesmas propriedades da farinha e pode ser usada em qualquer receita, como, por exemplo, em pães, misturada a farinha de trigo.
PÃO COM FARINHA DE FEIJÃO-BRANCO
Ingredientes
10 colheres de farinha de trigo
3 colheres de farelo ou farinha de feijão-branco
6 colheres de água
1 colher de cafezinho de fermento
Uma pitada de sal e uma de açúcar
Modo de preparo
Misturar tudo até formar uma massa lisa. Colocar em uma forma e deixar descansar por 30 minutos. Depois disso, com a massa crescida, faça bolinhas, pincele com óleo de oliva e jogue um pouco de farinha de trigo por cima.
Por último, faça um corte em forma de "x" no centro da bolinha e coloque no forno por mais ou menos 15 minutos. Forno deve ficar a 180ºC, forno médio.
Importante: a pesquisadora Renata Ramos, da Unisinos, aconselha a triturar no liquidificador pelo menos 250 gramas de feijão branco de cada vez, ou até mesmo o pacote inteiro, já que cada embalagem padrão vem com 500 gramas. Dessa forma, segundo ela, o impacto dos grãos no copo do liquidificador é menor, o que evita acidentes.
SALADA DE FEIJÃO-BRANCO
Para preparar basta misturar os seguintes ingredientes:
Feijão-branco cozido
Tomate picado
Cebola picada
Pimentão picado
Molho vinagrete de limão
Azeite de oliva
Sal
Pimenta do reino, o chamado citronet
MOLHO CITRONET PARA A SALADA DE FEIJÃO-BRANCO
Para cada três partes de óleo de oliva misture uma parte igual de suco de limão siciliano. Você pode colocar sal e pimenta a gosto. Misture bem e jogue sobre a salada.
LENTILHA AL DENTE
Faça uma pequena trouxinha com papel alumínio ou papel manteiga. Dentro, coloque a lentilha, use a mesma quantidade como se fosse cozinhar na panela. Misture com temperos que você mais goste: cenoura, pimentão, sal ou azeite. Coloque caldo de legumes ou água – bem pouquinho, só para cobrir o alimento.
Feche bem o pacote bem, para criar vapor, e coloque em forno baixo por 45 a 50 minutos. Você pode usar outros grãos em várias misturas, como arroz integral, ervilha ou o que você desejar.
PIPOCA DE AMARANTO
Ingredientes
1 colher de sopa de grão de amaranto integral
Modo de Preparo
Coloque uma colher de sopa de grãos de amaranto em uma frigideira ou panela (sem adicionar óleo à panela). Leve ao fogo baixo até que grande parte dos grãos se torne branca. Esse processo deve durar de 10 a 30 segundos aproximadamente. A pipoca pode ser servida dessa forma ou juntamente com outros ingredientes ou preparações.
PAÇOCA DE AMENDOIM COM FARINHA DE PIPOCA DE AMARANTO
Ingredientes
1 ½ xícara de chá de amendoim torrado
1 ½ xícara de chá de farinha de pipoca de amaranto
1 ½ xícara de chá de açúcar
1 colher de café de sal
Modo de Preparo
Triture a pipoca de amaranto no liquidificador ou em um processador de alimentos até que se forme uma farinha homogênea. Misture aos poucos todos os ingredientes no liquidificador ou processador de alimentos até que tudo esteja triturado e bem fino. Se necessário, desligue o liquidificador e ajude a misturar os ingredientes com uma colher.
Coloque em forminhas de paçoca e aperte bem para ficar bem compacta. Retire da forma e sirva.
Aprenda a preparar um bolo de amaranto com banana
Um das formas de consumir o amaranto, que faz tão bem à saúde, é cozinhando um bolo de amaranto com banana. Quem ensina a receita é Rosana e Bruna do laboratório de nutrição da USP.
Ingredientes
1 ovo
1 xícara de açúcar
1/3 de xícara de margarina
1 banana amassada
1/2 xícara de amido de milho
1/2 xícara de farinha de mandioca
1 colher de chá de sal
1 colher e meia de fermento para pão
1 xícara de flocos de amaranto
1/4 de xícara de leite
Modo de preparo
Para fazer a massa do bolo, é preciso de uma batedeira para misturar os ingredientes. Comece batendo o ovo com açúcar. Em seguida, coloque a margarina e a banana amassada. Assim que estiver misturado, pare de bater e coloque o amido de milho. Mexa com uma colher até incorporar o amido na massa. Depois, volte a bater e coloque a farinha de mandioca e o sal.
Pare novamente de bater para colocar os flocos de amaranto que podem ser comprados em grandes supermercados ou em lojas especializadas. Mexa com uma colher até incorporar o amaranto na massa. Volte a bater e coloque o leite.
Com tudo bem misturado, é hora de ir para a próxima etapa. Coloque a mistura em uma forma untada, espalhe e enfeite com rodelas de banana. Polvilhe açúcar e canela a gosto.
No forno pré-aquecido, em temperatura média, coloque a forma para assar por 40 a 45 minutos.
Saiba como fazer chá frio de amaranto
O professor Carlos Spehar da Universidade de Brasília (UnB) dá a receita de uma bebida típica dos Andes, um tipo de chá.
Ingredientes
Grãos de amaranto
Canela
Açúcar mascavo
Modo de preparo
Os grãos ficam 24 horas de molho. Depois, são cozidos, e o caldo é misturado a uma infusão de cravo, canela e açúcar mascavo.
Depois das 24 horas, você deve escorrer a água e colocar o amaranto que ficou no fundo ao fogo de volta para a panela. É preciso colocar um litro de água. Deixe cozinhar por aproximadamente 30 minutos. O amaranto vai engrossar o caldo.
Depois, você deve coar a mistura. O líquido que sobrou na jarra forma a bebida gelada. Leve para o liquidificador a parte sólida do amaranto que restou no coador e triture mais um tempo. Depois volte a peneirar com água essa mistura. Nessa segunda peneirada, você vai obter um líquido mais espesso que forma o chá quente.
Coloque a cravo e a canela. Depois, é só adoçar e colocar o limão. No final, você tem um refresco de amaranto, uma bebida energética, repleta de sais minerais e proteínas.
Cozinhar a vácuo mantém nutrientes dos grãos
Assim, é possível potencializar a qualidade e aproveitar bem todas as propriedades do alimento. Pelo método tradicional, na panela, os nutrientes são perdidos na água.
ROSANE MARCHETTI São Leopoldo (RS)
Quinoa, cenoura em cubinhos, temperos e um pouco de caldo de legumes. Se os grãos estão ganhando cada vez mais espaço na nossa alimentação, qual é a melhor maneira de consumi-los?
Pesquisadores do Rio Grande do Sul estão em busca dessa fórmula. E um segredo já foi descoberto: na hora de cozinhar, menos água significa mais saúde.
"Eu coloco um pingo de azeite, um pouquinho de sal, um pouquinho de pimenta e manjericão. Fica uma delícia", garante a nutricionista Isabel Machado, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Os ingredientes são misturados em sacos plásticos especiais. É o chamado cozimento a vácuo, uma forma de potencializar a qualidade do grão e aproveitar bem todas as propriedades do alimento. Essa é uma alternativa para garantir o máximo possível os nutrientes e que pode ser feita em casa de um jeito bem simples. Basta usar papel-alumínio ou então papel-manteiga no lugar da panela.
"Vamos preparar uma lentilha. Claro que não vai ser aquela lentilha ensopada, com grande quantidade de líquido. Mas fica muito bem para se comer. A quantidade de lentilha é a mesma que você usa na panela", diz a pesquisadora.
Cada um mistura e tempera do jeito que mais gosta. Isabel coloca um pouquinho de cenoura, pimentão, um pouco sal, azeite e caldo de legumes. Mas também pode se usar água. O líquido fica na altura do alimento.
“Em seguida, a gente fecha o papel-alumínio em um pacotinho. Faz como se fosse um pacote. Tem que ser bem fechado, para que o líquido crie o vaporzinho. Não pode estar furado. Tem que ficar bem fechadinho, sem pingar. Em seguida, vai para o forno, o mais baixo possível", explica a nutricionista.
Na mesma leva, eles preparam ainda um papelote de arroz integral e outro de ervilha e só um pouquinho de caldo, pois, quando o ingrediente é úmido, não requer muito liquido. O tempo de forno neste tipo de cozimento é maior: cerca de 45 a 50 minutos.
É nessa hora que entra em cena a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos, que examina a qualidade dos alimentos.
"Dá para observar bem a diferença na cor da lentilha e no aroma que está saindo da própria lentilha e do tempero que a gente colocou. Muita gente acha que a lentilha não tem aroma, mas tem muito aroma", diz a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos. “Nessas condições, a gente acaba redescobrindo os sabores e os aromas”, aponta.
Da cozinha para o laboratório, onde são feitas as análises nutricionais das amostras.
"Agora é a hora em que a gente pode mostrar a qualidade do cozimento dessa ervilha. E é a clorofila que permite mostrar. Se fosse cozida na panela com água, a ervilha estaria mais fraca. Toda a cor que a ervilha tem se perde na água, e nós jogamos fora e não consumimos. Da forma que nós fazemos, com o papel alumínio, a gente consome o nutriente, porque ele fica dentro do produto. O pigmento do produto é um antioxidante, que evita envelhecimento, protege contra as doenças degenerativas, como o câncer", esclarece Denize.
Na hora de provar, se tem a certeza de que nem tudo o que faz bem para a saúde é sem graça.
"Eu não preciso de tanto sal. Nos métodos tradicionais, a gente perde o líquido e o sabor. Então, a gente acrescenta sal e outros condimentos”, explica a nutricionista Isabel Machado, da Unisinos.
“Eu aconselharia esse método para as pessoas cozinharem em casa. O saquinho é uma forma muito nutritiva de cozinhar. A desvantagem de se cozinhar na panela é a quantidade de água e de calor que se coloca. Dessa forma, a gente controla mais. O calor é menor. Então, a gente preserva muito mais os nutrientes", aponta a nutricionista Denize Ziegler.
Todas as materias e imagens são do site do Globo Reporter
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Cientistas descobrem que o feijão-de-corda reduz o colesterol. O pão mais nutritivo do Brasil está saindo do forno de uma universidade.
Biscoito feito de amaranto, o grão que vem dos Andes, reduz o apetite e os índices de colesterol.
No Espírito Santo, está nascendo um milho rico, resistente e mais barato do que os outros. Pesquisadores ensinam como cozinhar os grãos sem perder os nutrientes.
E depois do programa ainda tem bate-papo na internet com a pesquisadora Karoline Frota, da Universidade de São Paulo (USP).
Receita com feijão-branco emagrece e ajuda a evitar diabetes
Proteína presente no grão inibe o processo de digestão do carboidrato e retarda a absorção de açúcares no sangue.
Não há mais como separar a boa comida da comida saudável. Em um laboratório de nutrição e pesquisa no Rio Grande do Sul, os futuros chefes de cozinha e nutricionistas se revezam para criar pratos mais bonitos, gostosos e saudáveis.
Muitas vezes, eles trabalham juntos. É o caso do chefe Alexandre Bagio e da nutricionista e bioquímica Renata Ramos. Ele conhece os segredos para seduzir o paladar. Ela, o que os nutrientes podem fazer pela nossa saúde. E o que une os dois é o nosso feijão de cada dia.
“Ele dá para a população uma quantidade muito boa de proteína. Os feijões, de uma maneira geral, têm em torno de 20% de proteína. É uma grande quantidade”, explica a nutricionista Renata Ramos, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos).
Infelizmente, os brasileiros estão comendo menos feijão. Mas os pesquisadores não param. Tentam descobrir novas propriedades nesse grão que faz tão bem a nossa saúde. A novidade da vez é o feijão-branco, aquele que a maioria de nós está acostumada a consumir apenas como salada. Maior e mais cremoso que os outros, acredite, ele emagrece.
“O feijão-branco ajuda a emagrecer, porque ele tem uma proteína de reserva. Não só o feijão-branco, os feijões todos têm, mas o feijão-branco é o mais utilizado para isso, para este fim. Ele tem uma proteína chamada faseolamina, e essa proteína é inibidora do processo de digestão do carboidrato. Então, ela retarda, inibe essa absorção de açúcares no sangue”, aponta a nutricionista.
Mas isso só acontece no nosso organismo, se ele for ingerido na forma de farinha, uma espécie de extrato de feijão-branco que é bem fácil de fazer em casa.
Depois de ser lavado normalmente, é preciso secar bem o feijão: no sol ou sobre o papel toalha. Nunca no forno. Porque, segundo Renata Ramos, o feijão só tem efeito emagrecedor se não for cozido. Mas atenção: como pode ser tóxico, o feijão só deve ser consumido cru em quantidades mínimas.
Depois, é só triturar no liquidificador e peneirar. Se quiser a farinha bem fininha, pode passar também no processador. É bom fazer em pequenas quantidades que para o extrato não fique velho e deixe de fazer o efeito desejado.
O efeito da farinha de feijão funciona mais ou menos assim: quando consumimos um prato cheio de macarrão, de 200 gramas, é como se tivéssemos consumido uma porção menor, de 160 gramas. Mas para isto acontecer, meia hora antes das refeições, é preciso ingerir uma colher pequena, rasa, de farinha de feijão diluída em água. É essa mistura que vai garantir que parte do carboidrato dessa refeição, cerca de 20%, não seja absorvida pelo nosso organismo. Então, é como se tivesse comido este prato, que é menor.
O estudo mais recente que comprova que a farinha de feijão ajuda a emagrecer foi feito pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Ao todo, 50 adultos obesos fizeram uma dieta saudável, mas apenas metade recebeu farinha de feijão antes das refeições. A outra parte, sem saber, recebeu farinha sem efeito.
Depois de oito semanas, quem ingeriu o extrato de feijão-branco estava, em média, 1,7kg mais magro e com o nível de triglicerídeos três vezes menor do que os que receberam só o placebo.
Mas outros estudos registram perdas de peso de até 4% em apenas 30 dias. O bom é que, além de emagrecer, o extrato de feijão-branco também ajuda a prevenir o diabetes.
A receita é uma colher rasinha em um copo d’água, duas vezes por dia, porque são duas refeições principais. “Não adianta consumir mais, porque não vai emagrecer mais. Você tem que comer é em torno de um grama por dia. Então, você pode pesar um grama e comer isso durante o dia”, sugere a nutricionista Renata Ramos.
“Se a pessoa consumir mais, ela pode ter diarreia, como efeito colateral. Ela pode ter problemas intestinais e náuseas. Então, ela tem que ter muito cuidado na hora de ingerir este extrato de feijão cru. Consumindo mais de um grama por dia, os efeitos são negativos”, alerta a pesquisadora.
No laboratório da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), a ordem é não desperdiçar. O farelo que sobra na peneira quando se prepara a farinha de feijão também é utilizado.
O chef de cozinha Alexandre Bagio, da Unisinos, criou misturas saborosas. Quando faz pão, ele coloca água, fermento, sal, açúcar e a novidade: ele substitui um terço da farinha de trigo pela farinha de feijão.
“É um pão que realmente tem uma quantidade maior de proteínas e de fibras, quando você coloca essa farinha de feijão”, afirma a nutricionista Renata Ramos.
“Acrescido a isso, você tem o sabor e a textura que ele vai ganhar também. Ele ficou mais saboroso”, aposta Alexandre Bagio. “Ficou também mais saudável”, completa Renata.
O chefe de cozinha mostra ainda uma versão da nossa conhecida salada de feijão-branco que também ajuda a não engordar, só porque se come fria.
“Eu coloquei na salada o feijão-branco que é a base. Depois, entrou um molho vinagrete, com cebola, tomate, pimentão verde, salsão e um molho vinagrete de limão, com azeite de oliva, sal e pimenta do reino”, ensina o chefe.
“O interessante é que, quando a gente come feijão-branco frio, ele muda um pouco a sua composição. Ele, então, engorda menos. Quer dizer, se eu comer dessa maneira, frio, eu vou engordar menos do que se comer ele sob forma de uma feijoada, por exemplo”, diz a nutricionista.
Importante: a pesquisadora Renata Ramos, da Unisinos, aconselha a triturar no liquidificador pelo menos 250 gramas de feijão branco de cada vez, ou até mesmo o pacote inteiro, já que cada embalagem padrão vem com 500 gramas. Dessa forma, segundo ela, o impacto dos grãos no copo do liquidificador é menor, o que evita acidentes.
Feijão preferido dos nordestinos ajuda a baixar o colesterol

Conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-fradinho, ele é rico em fibras e tem uma proteína capaz de reverter a deposição de gordura no fígado.
Um feijão com sotaque nordestino. “Eu sou nordestino. Eu sou baiano. E nordestino só come feijão-de-corda, porque é tradição”, afirma um senhor.
Tradicionalmente, o sotaque é um só, mas os nomes são vários.
“O nome cientifico dele é vigna unguiculata, mas pode ser conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda, feijão-fradinho. Tem nome para todo gosto”, explica a nutricionista Karoline Frota, da Universidade de São Paulo (USP).
Feijão-de-corda é a principal pedida no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo
E o gosto da pesquisadora, que veio do Piauí, é descobrir os poderes do feijão predileto dos nordestinos. “O que pessoal mais pede é o baião-de-dois”, diz uma atendente.
Baião-de-dois, feijão-tropeiro, ao vinagrete: são pratos de matar saudade. "É um gosto que você não esquece", responde um rapaz.
Quando a saudade é muita, a quantidade de feijão tem que ser grande. "Ontem, nós catamos dois sacos de feijão", revela uma atendente.
No Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo, o feijão-de-corda é a estrela principal, todo fim de semana.
Na mesa ou no laboratório de pesquisa, vai longe a história desse feijão. O feijão-de-corda veio da África e chegou ao Brasil no porão das caravelas. O grão de origem africana foi trazido pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Desembarcado na Bahia, foi ganhando o nordeste e o norte do Brasil.
As raízes se espalharam pelo Brasil. Agora, quem diria, no século 21, o feijão com tantos nomes chegou aos laboratórios de pesquisa. Por essa, seu Vicente, mais conhecido como Chapéu de Couro, não esperava.
"Descobri que o feijão-de-corda baixa o colesterol", afirma a a nutricionista Karoline Frota que está estudando as propriedades do feijão-de-corda na saúde, no laboratório da USP.
A pesquisa começou em 2007, no Laboratório de Nutrição Aplicada da Faculdade de Saúde Pública da USP. A nutricionista Karoline Frota cresceu comendo esse feijão que nunca tinha sido estudado tão detalhadamente.
"Eu posso dizer que é a primeira pesquisa a fazer isso Com o feijão-caupi e, mais especificamente, que faz isso com a proteína isolada", ressalta a nutricionista.
Como outros tipos de feijão, o caupi também é rico em fibras, ferro e vitaminas, mas Karoline queria saber se a proteína que ele contém tinha o poder de reduzir o colesterol. Por isso, ela teve um trabalhão para extrair a vicilina, a proteína do feijão.
A nutricionista queria testar três dietas: uma normal, outra com os grãos triturados e uma terceira só com a proteína do feijão isolada.
Ela escolheu hamsters, cheios de gordura no sangue, para fazer o teste. "Nós escolhemos hamsters por causa do metabolismo do colesterol que é muito parecido com o metabolismo dos seres humanos", justifica a pesquisadora.
O problema é igual nesses animais e em todos nós. A alimentação rica em gordura saturada aumenta os níveis de colesterol no sangue. Depósitos gordurosos vão se formando nas artérias e no fígado que, sobrecarregado, começa a trabalhar mal na limpeza do organismo. Só temos um fígado e um coração, e acúmulo de gordura neles pode ser fatal.
Como a maioria dos grãos, todos os feijões ajudam a reduzir o colesterol, mas o resultado da dieta com o feijão-de-corda integral foi excelente.
Nos animais, alimentados com a proteína do feijão-de-corda isolada, a redução do colesterol total no sangue foi de 22%. É maior ainda naqueles que comeram os grãos triturados, o que a pesquisadora chama de feijão integral. Nesse caso, o colesterol despencou 54%.
“Além da proteína, ele tem outros componentes que vão somar nesse efeito redutor de colesterol”, ressalta a pesquisadora. “Com certeza, a fibra do feijão integral ajuda também", aponta.
A pesquisadora teve mais uma ótima surpresa ao analisar os fígados dos animais que antes da dieta estavam cheios de gordura.
"O fígado do grupo que recebeu o feijão integral e a proteína isolada ficou bem limpo. Essa proteína foi capaz de reverter a deposição de gordura no fígado, porque a gente observou, pelas laminas, que os depósitos desapareceram no final do estudo", diz a nutricionista.
Para conseguir um resultado tão bom assim, seria preciso comer muito feijão, umas seis conchas por dia. Por isso, os pesquisadores querem investir na proteína isolada que poderia ser acrescentada em vários produtos pela indústria de alimentos. O isolado de proteína será usado na próxima etapa da pesquisa com pacientes de colesterol alto. Até lá, vale a pena incorporar o feijão-de-corda a dieta.
"O consumo de feijão vem caindo muito nos dias de hoje. As pessoas estão ingerindo muito a salada, reduzindo o carboidrato e o feijão que é fonte de proteína. É importante manter esse consumo de feijão. E para as regiões que não tem esse habito de consumir o feijão-de-corda tem que estimular por esse efeito de reduzir o colesterol", aponta a pesquisadora da USP.
Para quem já gostava a notícia deixou o feijão melhor ainda. “O feijão-de-corda baixa o colesterol? Vou começar a comer todo dia, porque o meu está alto", diz um jovem.
Mas é preciso lembrar também da alimentação balanceada e dos exercícios. Não vale encher a panela de manteiga e carne gorda. O preparo do feijão tem que ser light de verdade.
“É tudo de bom, sara tudo. O cara chega aqui doente, e sai sarado", conta Chapéu de Couro.
Biscoito de amaranto é receita para perder peso
Conhecido feijão dos Andes, o amaranto também reduz os níveis do colesterol total do sangue. E a farinha pode ser usada em inúmeras receitas sem comprometer o sabor.
GUILHERME PORTANOVA Vila Velha (ES)
GRAZIELA AZEVEDO São Paulo
O sol forte é sinal de seca no Planalto Central. No Centro-Oeste, cresce uma planta que veio do frio dos Andes para o calor do Cerrado. O amaranto é um arbusto com flores grandes, consumido na região do Peru desde o tempo dos incas. O poder da planta está nas flores carregadas de sementes.
"Mil sementes de amaranto pesam em torno de 1g. Então, se uma planta produzir 30g, são 30 mil sementes", ressalta o agrônomo Carlos Spehar, da Universidade de Brasília (UnB).
José Carlos Sphear é o pioneiro na pesquisa do amaranto, que ele chama de feijão dos Andes. O grão tem duas vezes mais proteínas do que o trigo comum. E essas qualidades convenceram o professor a buscar sementes fora do país para plantar no Cerrado. Assim, nascia o amaranto brasileiro que se deu bem no clima quente e que chega até dois metros de altura.
"Esse crescimento é muito rápido. Nos primeiros 15 dias, você não dá nada por ela. Depois, ela dispara a crescer. Ela cresce mais rápido do que uma soja no mesmo período", explica o agrônomo.
A fazenda de Sebastião Conrado de Andrade é a maior do Brasil em produção de amaranto. A confiança no futuro da produção do grão andino vem dos resultados colhidos nas primeiras safras. "São cerca de 2 mil quilos, com a mesma composição dos andinos. Conseguimos adaptar essa planta ao Cerrado", diz o fazendeiro.
A campanha pelo uso do amaranto ganhou adeptos em instituições do país inteiro que se dedicam a estudar as propriedades do grão. Na Universidade de São Paulo (USP), os pesquisadores já desenvolveram mais de 30 receitas usando a farinha de amaranto.
O professor José Arêas, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), também se rendeu às propriedades do pequeno grão.
"Ele tem uma quantidade maior de proteína de alto valor biológico e também uma grande quantidade de cálcio de ferro e de zinco. Além disso, possui uma quantidade de fibra bastante alta. O amaranto passou a ser estudado a partir dos anos 60 em vários locais no mundo. Assim, a plantação e o consumo do amaranto começaram a se popularizar”, explica o pesquisador da USP.
Orientados pelo professor Arêas, os pesquisadores da Faculdade de Nutrição da USP foram mais longe: conseguiram comprovar em um estudo feito com hamsters, durante dois meses em 2005, que o amaranto reduz os níveis do colesterol total do sangue, ou seja, a gordura que vai formar placas nas veias e artérias.
"A dieta que continha amaranto fez com que esse colesterol despencasse realmente. Todos os colesteróis ruins foram para baixo, e os colesteróis bons foram relativamente mantidos. As proteínas do amaranto são as grandes responsáveis por essa redução. A partir daí, a gente começou a estudar quais seriam os mecanismos envolvidos", aponta o professor.
Leda Nogueira e Ivone Nunes sentiram na pele, ou melhor, no sangue, o que o laboratório havia testado. As caminhadas pelo calçadão de Vila Velha, no Espírito Santo, foram apenas parte da rotina para melhorar a saúde.
Ivone é administradora de empresas e, há três anos, descobriu que tinha problemas com colesterol alto. Registrava 246, no total. Leda é professora e chegou a 187 de colesterol. As duas corriam risco de desenvolver doenças no coração.
A saúde de Leda e Ivone começou a melhorar pelo cardápio. Elas passaram a comer biscoitos de amaranto todos os dias antes do almoço. Foram apenas duas semanas de experiência, sem mudança no estilo de vida e sem dieta. E os resultados foram impressionantes.
Foram recomendados até cinco biscoitos por dia de farinha de amaranto para Ivone e Leda.
"É um biscoito muito gostoso. A única coisa ruim da pesquisa é ficar restrito a comer só cinco durante o dia", comenta a pedagoga Leda Nogueira.
"Lembra um pouquinho o biscoitinho de aveia. Acho que por causa das fibras que tem", diz a administradora Ivone Nunes.
Tudo começou no Complexo de Atividades Biopráticas, do Centro Universitário de Vila Velha (UVV). Leda e Ivone estavam no grupo de 20 voluntários que participaram da pesquisa com a nutricionista Danielle Mohallem Pessanha, sob a orientação da professora Angela Ghizi. Metade do grupo recebeu, sem saber, biscoitos de aveia. E a outra comeu os de amaranto.
"Baixou em 16% o colesterol dos voluntários. E o mais gratificante e interessante é que o período da pesquisa foi de duas semanas. Quer dizer, baixou 16% em um período muito curto", afirma a nutricionista Danielle.
E não foi só: o resultado trouxe uma surpresa.
"Quando eu chegava em casa, não sentia aquela fome à noite. Eu percebi que, durante essas duas semanas, não sentia fome à noite", conta a administradora Ivone Nunes. "O biscoito tirou essa fome noturna. Eu não sentia mais essa necessidade”, concorda Leda.
"No total, 67% de voluntários relataram que, à noite, eles não sentiam fome por conta da ingestão desse cookie", alega a nutricionista Danielle.
É difícil acreditar que essa sensação de saciedade venha de um grão tão minúsculo. Mas o amaranto é poderoso e vira até pipoca. É que o grão fica melhor e mais fácil de usar quando é estourado.
"É mais interessante fazer a pipoca, porque, quando moemos, fica uma farinha mais fininha e mais nutritiva", aponta a nutricionista Bruna Menegassi, da USP.
O amaranto quase não tem gosto. E talvez essa seja uma grande qualidade, pois a farinha pode ser usada em inúmeras misturas sem comprometer o sabor e adicionando todas as boas propriedades ao alimento.
Além da pipoca, há um número sem fim de receitas feitas com o grão andino. Algumas com 20%, outras com 30% de farinha de amaranto. O bolo de banana é top de linha. Mas existem cookies, sequilhos, paçoquinha.
"A gente está estando e tentando aumentar os níveis de amaranto na paçoca. Nessas preparações, além de incluir esse alimento diferente, a gente aumenta o teor de fibras e de proteínas", explica a química Rosana Soares, da USP.
Feijão dos Andes tem duas vezes mais proteínas do que trigo
No Centro-Oeste, cresce uma planta que veio do frio dos Andes para o calor do Cerrado. O amaranto é um arbusto rico em aminoácidos, com composição parecida com a dos grãos de cereais, mas sem glúten.
Veja como preparar receitas com grãos
Confira abaixo o passo a passo das receitas que foram ao ar no programa "Grãos na alimentação" no Globo Repórter desta sexta-feira (3).
FARINHA OU EXTRATO DE FARINHA DE FEIJÃO-BRANCO
Lave o feijão com água e seque no sol ou sobre papel toalha. Quando estiver bem seco, coloque no liquidificador e bata o máximo possível. Depois, passe o feijão triturado por uma peneira. Se quiser mais fino, devolva ao liquidificador e peneire novamente.
A parte que sobrar na peneira é a sobra ou farelo. Tem as mesmas propriedades da farinha e pode ser usada em qualquer receita, como, por exemplo, em pães, misturada a farinha de trigo.
PÃO COM FARINHA DE FEIJÃO-BRANCO
Ingredientes
10 colheres de farinha de trigo
3 colheres de farelo ou farinha de feijão-branco
6 colheres de água
1 colher de cafezinho de fermento
Uma pitada de sal e uma de açúcar
Modo de preparo
Misturar tudo até formar uma massa lisa. Colocar em uma forma e deixar descansar por 30 minutos. Depois disso, com a massa crescida, faça bolinhas, pincele com óleo de oliva e jogue um pouco de farinha de trigo por cima.
Por último, faça um corte em forma de "x" no centro da bolinha e coloque no forno por mais ou menos 15 minutos. Forno deve ficar a 180ºC, forno médio.
Importante: a pesquisadora Renata Ramos, da Unisinos, aconselha a triturar no liquidificador pelo menos 250 gramas de feijão branco de cada vez, ou até mesmo o pacote inteiro, já que cada embalagem padrão vem com 500 gramas. Dessa forma, segundo ela, o impacto dos grãos no copo do liquidificador é menor, o que evita acidentes.
SALADA DE FEIJÃO-BRANCO
Para preparar basta misturar os seguintes ingredientes:
Feijão-branco cozido
Tomate picado
Cebola picada
Pimentão picado
Molho vinagrete de limão
Azeite de oliva
Sal
Pimenta do reino, o chamado citronet
MOLHO CITRONET PARA A SALADA DE FEIJÃO-BRANCO
Para cada três partes de óleo de oliva misture uma parte igual de suco de limão siciliano. Você pode colocar sal e pimenta a gosto. Misture bem e jogue sobre a salada.
LENTILHA AL DENTE
Faça uma pequena trouxinha com papel alumínio ou papel manteiga. Dentro, coloque a lentilha, use a mesma quantidade como se fosse cozinhar na panela. Misture com temperos que você mais goste: cenoura, pimentão, sal ou azeite. Coloque caldo de legumes ou água – bem pouquinho, só para cobrir o alimento.
Feche bem o pacote bem, para criar vapor, e coloque em forno baixo por 45 a 50 minutos. Você pode usar outros grãos em várias misturas, como arroz integral, ervilha ou o que você desejar.
PIPOCA DE AMARANTO
Ingredientes
1 colher de sopa de grão de amaranto integral
Modo de Preparo
Coloque uma colher de sopa de grãos de amaranto em uma frigideira ou panela (sem adicionar óleo à panela). Leve ao fogo baixo até que grande parte dos grãos se torne branca. Esse processo deve durar de 10 a 30 segundos aproximadamente. A pipoca pode ser servida dessa forma ou juntamente com outros ingredientes ou preparações.
PAÇOCA DE AMENDOIM COM FARINHA DE PIPOCA DE AMARANTO
Ingredientes
1 ½ xícara de chá de amendoim torrado
1 ½ xícara de chá de farinha de pipoca de amaranto
1 ½ xícara de chá de açúcar
1 colher de café de sal
Modo de Preparo
Triture a pipoca de amaranto no liquidificador ou em um processador de alimentos até que se forme uma farinha homogênea. Misture aos poucos todos os ingredientes no liquidificador ou processador de alimentos até que tudo esteja triturado e bem fino. Se necessário, desligue o liquidificador e ajude a misturar os ingredientes com uma colher.
Coloque em forminhas de paçoca e aperte bem para ficar bem compacta. Retire da forma e sirva.
Aprenda a preparar um bolo de amaranto com banana
Um das formas de consumir o amaranto, que faz tão bem à saúde, é cozinhando um bolo de amaranto com banana. Quem ensina a receita é Rosana e Bruna do laboratório de nutrição da USP.
Ingredientes
1 ovo
1 xícara de açúcar
1/3 de xícara de margarina
1 banana amassada
1/2 xícara de amido de milho
1/2 xícara de farinha de mandioca
1 colher de chá de sal
1 colher e meia de fermento para pão
1 xícara de flocos de amaranto
1/4 de xícara de leite
Modo de preparo
Para fazer a massa do bolo, é preciso de uma batedeira para misturar os ingredientes. Comece batendo o ovo com açúcar. Em seguida, coloque a margarina e a banana amassada. Assim que estiver misturado, pare de bater e coloque o amido de milho. Mexa com uma colher até incorporar o amido na massa. Depois, volte a bater e coloque a farinha de mandioca e o sal.
Pare novamente de bater para colocar os flocos de amaranto que podem ser comprados em grandes supermercados ou em lojas especializadas. Mexa com uma colher até incorporar o amaranto na massa. Volte a bater e coloque o leite.
Com tudo bem misturado, é hora de ir para a próxima etapa. Coloque a mistura em uma forma untada, espalhe e enfeite com rodelas de banana. Polvilhe açúcar e canela a gosto.
No forno pré-aquecido, em temperatura média, coloque a forma para assar por 40 a 45 minutos.
Saiba como fazer chá frio de amaranto
O professor Carlos Spehar da Universidade de Brasília (UnB) dá a receita de uma bebida típica dos Andes, um tipo de chá.
Ingredientes
Grãos de amaranto
Canela
Açúcar mascavo
Modo de preparo
Os grãos ficam 24 horas de molho. Depois, são cozidos, e o caldo é misturado a uma infusão de cravo, canela e açúcar mascavo.
Depois das 24 horas, você deve escorrer a água e colocar o amaranto que ficou no fundo ao fogo de volta para a panela. É preciso colocar um litro de água. Deixe cozinhar por aproximadamente 30 minutos. O amaranto vai engrossar o caldo.
Depois, você deve coar a mistura. O líquido que sobrou na jarra forma a bebida gelada. Leve para o liquidificador a parte sólida do amaranto que restou no coador e triture mais um tempo. Depois volte a peneirar com água essa mistura. Nessa segunda peneirada, você vai obter um líquido mais espesso que forma o chá quente.
Coloque a cravo e a canela. Depois, é só adoçar e colocar o limão. No final, você tem um refresco de amaranto, uma bebida energética, repleta de sais minerais e proteínas.
Cozinhar a vácuo mantém nutrientes dos grãos
Assim, é possível potencializar a qualidade e aproveitar bem todas as propriedades do alimento. Pelo método tradicional, na panela, os nutrientes são perdidos na água.
ROSANE MARCHETTI São Leopoldo (RS)
Quinoa, cenoura em cubinhos, temperos e um pouco de caldo de legumes. Se os grãos estão ganhando cada vez mais espaço na nossa alimentação, qual é a melhor maneira de consumi-los?
Pesquisadores do Rio Grande do Sul estão em busca dessa fórmula. E um segredo já foi descoberto: na hora de cozinhar, menos água significa mais saúde.
"Eu coloco um pingo de azeite, um pouquinho de sal, um pouquinho de pimenta e manjericão. Fica uma delícia", garante a nutricionista Isabel Machado, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Os ingredientes são misturados em sacos plásticos especiais. É o chamado cozimento a vácuo, uma forma de potencializar a qualidade do grão e aproveitar bem todas as propriedades do alimento. Essa é uma alternativa para garantir o máximo possível os nutrientes e que pode ser feita em casa de um jeito bem simples. Basta usar papel-alumínio ou então papel-manteiga no lugar da panela.
"Vamos preparar uma lentilha. Claro que não vai ser aquela lentilha ensopada, com grande quantidade de líquido. Mas fica muito bem para se comer. A quantidade de lentilha é a mesma que você usa na panela", diz a pesquisadora.
Cada um mistura e tempera do jeito que mais gosta. Isabel coloca um pouquinho de cenoura, pimentão, um pouco sal, azeite e caldo de legumes. Mas também pode se usar água. O líquido fica na altura do alimento.
“Em seguida, a gente fecha o papel-alumínio em um pacotinho. Faz como se fosse um pacote. Tem que ser bem fechado, para que o líquido crie o vaporzinho. Não pode estar furado. Tem que ficar bem fechadinho, sem pingar. Em seguida, vai para o forno, o mais baixo possível", explica a nutricionista.
Na mesma leva, eles preparam ainda um papelote de arroz integral e outro de ervilha e só um pouquinho de caldo, pois, quando o ingrediente é úmido, não requer muito liquido. O tempo de forno neste tipo de cozimento é maior: cerca de 45 a 50 minutos.
É nessa hora que entra em cena a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos, que examina a qualidade dos alimentos.
"Dá para observar bem a diferença na cor da lentilha e no aroma que está saindo da própria lentilha e do tempero que a gente colocou. Muita gente acha que a lentilha não tem aroma, mas tem muito aroma", diz a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos. “Nessas condições, a gente acaba redescobrindo os sabores e os aromas”, aponta.
Da cozinha para o laboratório, onde são feitas as análises nutricionais das amostras.

Na hora de provar, se tem a certeza de que nem tudo o que faz bem para a saúde é sem graça.
"Eu não preciso de tanto sal. Nos métodos tradicionais, a gente perde o líquido e o sabor. Então, a gente acrescenta sal e outros condimentos”, explica a nutricionista Isabel Machado, da Unisinos.
“Eu aconselharia esse método para as pessoas cozinharem em casa. O saquinho é uma forma muito nutritiva de cozinhar. A desvantagem de se cozinhar na panela é a quantidade de água e de calor que se coloca. Dessa forma, a gente controla mais. O calor é menor. Então, a gente preserva muito mais os nutrientes", aponta a nutricionista Denize Ziegler.
Todas as materias e imagens são do site do Globo Reporter
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