domingo, 27 de julho de 2008

Como Band e Globo brigam pela audiência nas Olimpíadas de Pequim

Como Band e Globo brigam pela audiência nas Olimpíadas de Pequim
Paulo Ricardo Moreira, Jornal do Brasil
JB Online


RIO - A 13 dias do início dos Jogos Olímpícos de Pequim, as emissoras Globo e Band já se dizem preparadas para uma cobertura que ultrapassa a luta por medalhas no peito. Se nos ginásios, pistas e campos o desafio é superar limites e bater recordes, fora deles o que está em jogo é uma disputa por audiência que envolve milhões. As emissoras não revelam, por questões estratégicas, quanto estão gastando para mandar um exército de profissionais para a China – só a Globo vai mobilizar 190 pessoas em Pequim – mas sabe-se que, somente pelos direitos de transmissão dos jogos, elas pagaram a bagatela de US$ 12 milhões, cerca de R$ 18,8 milhões ao câmbio atual. Nessa guerra ninguém joga para perder. Para compensar o investimento na cobertura, as emissoras fecharam vultosos contratos de patrocínio. A Globo vendeu cada uma das seis cotas nacionais do projeto Olimpíadas 2008 por R$ 25,5 milhões, enchendo seus cofres com um total de R$ 153 milhões. Bradesco, Hypermarcas, Nestlé, Olympikus, Peugeot e Samsung, os patrocinadores, ganharam 751 inserções ao longo da programação, entre janeiro e agosto deste ano, além de chamadas e flashes durante a cobertura do evento.

Para a Band, o produto Olimpíadas também é um negócio da China. A emissora comercializou quatro cotas de patrocínio por R$ 49 milhões cada uma – num total de R$ 196 milhões – adquiridas por Sadia, Caixa Econômica, Ford e Petrobras. O valor astronômico é o de tabela, mas o preço final pode ser bem inferior, já que existe uma negociação nos bastidores. Durante a competição, o faturamento da Band ainda vai engordar em cerca de R$ 25,6 milhões com a venda do top de cinco segundos antes do início das transmissões (Embratel) e comerciais de 30 segundos (Philips), além da comercialização de subprodutos, como o patrocínio do quadro de medalhas e agenda dos jogos.

Em meio a esse show do milhão, cada uma oferece uma cobertura diferenciada. Não bastasse ser realizada num país fechado ao mundo até recentemente, as Olimpíadas de Pequim vão marcar a história por ser a primeira a transmitida em alta definição. A Globo promete exibir ao vivo os principais eventos em HDTV. Mas o diretor de esporte Luiz Fernando Lima diz que o grande recheio da cobertura vai ser o enfoque dado ao não-esportivo, uma das maiores diferenças em relação aos jogos anteriores

– Desde o início, a Globo percebeu que a parte não-esportiva tende a ser tão importante quanto a esportiva, devido à importância da China, o país mais populoso do mundo, que passa por transformações e tem muitas diferenças culturais – diz Lima

Além das imagens geradas pela TV chinesa, a Globo vai ter câmeras exclusivas no Estádio Olímpico de Pequim, no Parque Aquático, no vôlei de quadra e no vôlei de praia. Nesta última modalidade, a emissora vai ser a transmissora oficial para o mundo inteiro. O fuso horário (aqui será de madrugada) não é visto por Lima como um problema:

– A audiência deste tipo de evento se adapta. Temos o exemplo das Olimpíadas de Seul (Coréia do Sul, 1988), em horário parecido, e não houve qualquer problema.

Diretor de Esportes da Band, Carlos Gomes acha que o horário da madrugada deve atrair novos “consumidores” do gênero. A cobertura olímpica da emissora vai das 21h às 13h do dia seguinte, com uma transmissão contínua, diferentemente da Globo, que mexe pouco na grade por causa das novelas e dos programas da linha de shows. A Band também vai ter câmeras exclusivas nos estádios.

– Teremos uma equipe especialmente para cobrir o futebol olímpico, com uma unidade móvel para entradas ao vivo dos treinos e do hotel da Seleção. É um diferencial – defende Gomes.

A ginástica olímpica é outra modalidade que vai receber atenção especial da Band. Nas Olimpíadas de Atenas (2004) a emissora derrotou a Globo, ficando em primeiro lugar em audiência, com 14 pontos de média, ao exibir provas de ginástica. Tudo porque a Globo manteve sua programação normal vespertina, em vez de mostrar a competição. Agora, a idéia é ampliar a cobertura.

– A ginástica olímpica está em crescimento. Quem cria valor para as modalidades é o público – analisa Lima. – São os torcedores que definem o que está sendo mais valorizado. E claro que o acompanhamento será maior para o que os espectadores queiram assistir.

Com os Jogos de Atenas, a Band foi a emissora que mais cresceu em audiência, 75%, enquanto a Globo aumentou apenas 3%. Durante a transmissão, a emissora paulista alcançou o terceiro lugar no mercado nacional e a Globo, o primeiro.

Entre os canais de esporte da TV por assinatura – Sportv, ESPN e ESPN Brasil – a briga por uma fatia do mercado também é feia. O Sportv, que vai ter cinco canais para mostrar os jogos, fechou suas seis cotas de patrocínio para a cobertura das Olimpíadas, em agosto de 2007, por R$ 14,5 milhões cada uma. Bradesco, Citröen, Extra Hipermercados, McDonald's, Sadia e Vivo compraram cotas que somam R$ 87 milhões e dão direito a 8.630 inserções, no ar desde setembro. Já os canais ESPN e ESPN Brasil anunciam a venda de todas as seis cotas de patrocínio, mas não divulgam os valores. O Sportv vai contar ainda com a faixa SporTV HD do canal Globosat HD, em que os assinantes vão poder assistir aos jogos com áudio dolby 5.1, com som ambiente e sem narração.

– A impressão é de que a pessoa está assistindo dentro do estádio – diz Pedro Garcia, diretor de negócios do Sportv.

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